2ª JORNADA PARA A PROMOÇÃO DA REDUÇÃO DO DESPERDÍCIO ALIMENTAR
Na passada quinta-feira, realizou-se em Portugal a 2ª Jornada para a Promoção da Redução do Desperdício Alimentar, reunindo representantes de empresas, movimentos cívicos, instituições sociais e entidades públicas. O encontro promoveu a partilha de experiências, estratégias e soluções para combater um problema que é ao mesmo tempo económico, social, ambiental e ético.
1º Painel – O Papel fundamental da cooperação entre organizações na redução do desperdício alimentar
O primeiro painel contou com a participação de Susana Gaspar, em representação do GPP enquanto Coordenador da Comissão Nacional de Combate ao Desperdício Alimentar; Isabel Jonet, Presidente da Federação Portuguesa dos Bancos Alimentares Contra a Fome e da ENTRAJUDA; Maria Archer, Coordenadora Nacional Green Key; e Inês Sá Ribeiro, Diretora Executiva da APHORT. O debate centrou-se nos desafios estruturais do desperdício alimentar.
- Foi sublinhada a necessidade de uma mudança cultural, por exemplo na restauração e hotelaria, através da revisão de práticas como o self-service.
- Destacou-se a importância da cooperação entre setor público, privado e sociedade civil.
- Identificaram-se obstáculos como a complexidade legislativa, a resistência cultural e a falta de espaço para doações em alguns setores.
- As estratégias passam pela educação desde a infância, consciencialização para as datas de validade (“consumir até” vs. “consumir de preferência antes de”), parcerias com instituições sociais e incentivos à reutilização.
- Durante o encontro, foi ainda anunciado pela Comissão Nacional de Combate ao Desperdício Alimentar que a consulta pública da nova “Estratégia Nacional de Combate ao Desperdício Alimentar | ENCDA 2025+” teria início no dia 29 de setembro, reforçando o compromisso de envolver toda a sociedade neste esforço coletivo.

2º Painel – O Verdadeiro Impacto do Desperdício Alimentar: Gestão, Custos e Prioridades para o Futuro
O segundo painel reuniu Daniela Correia, Senior Project Manager do Departamento de Inovação da Sonae MC; Diogo Amorim, Founder & CEO da Gleba; e Rafael Ribeiro, Marketing Manager da Starfoods.
- Foram debatidos os custos financeiros, ambientais e morais do desperdício alimentar, assim como soluções inovadoras para transformar excedentes em novos produtos e otimizar processos.
- A Gleba, através de Diogo Amorim, apresentou a criação de novos produtos, como crackers, cerveja e miso produzidos a partir de pão excedente, com a meta de reduzir o desperdício para 2% até 2026. Além disso, destacou o impacto positivo da sua parceria com a Too Good To Go, que desde 2021 já evitou o desperdício de mais de 80 toneladas de alimentos e permitiu salvar mais de 80.000 de Surprise Bags em todo o país.
- A Starfoods, representada por Rafael Ribeiro, destacou a implementação de cozinhas centrais de produção, que permitem maior controlo e eficiência. No âmbito da sua marca Loja das Sopas, reforçou também a colaboração com a Too Good To Go, uma parceria que arrancou este ano e que já permitiu salvar mais de 1.000 refeições, contribuindo para a redução de mais de 3 toneladas de CO2e. A expectativa é que este número continue a crescer nos próximos meses, contribuindo cada vez mais para a redução do desperdício e para a promoção de uma economia circular.
- A Sonae MC, através de Daniela Correia, apresentou diversos projetos, entre eles a “Banana Solteira” (a fruta mais desperdiçada pelos portugueses), a “Caixa Zero Desperdício” e, claro, a parceria com a Too Good To Go e programas de doação.

O desperdício alimentar representa um problema económico, social e ambiental, com fortes implicações éticas, que exige uma mudança de mentalidade e uma cooperação ativa entre setor público, privado e sociedade civil. Os desafios vão desde a resistência cultural até à complexidade legislativa e às limitações logísticas, mas as iniciativas já existentes demonstram que é possível avançar.
Educação, sensibilização, inovação tecnológica e parcerias são caminhos que permitem transformar desperdício em oportunidade, apoiar a economia circular e impulsionar uma verdadeira mudança cultural em benefício de todos.
